Desde 2014, entidades civis e associações médicas unem forças e se mobilizam pelo Setembro Amarelo, uma iniciativa que visa trazer diálogo sobre o suicídio. Falar sobre isso é importante porque estudos indicam que mais de 95% dos casos de suicídio estão relacionados a transtornos mentais não diagnosticados ou, quando diagnosticados, tratados incorretamente ou não tratados de maneira alguma.
Por isso convidamos a Juliana Paim Lovato, psicóloga clínica no Centro Clínico CASF, para falar sobre o tema:
Com objetivo de prevenir e reduzir os altos índices de casos de suicídio, desde 2014, profissionais da área da saúde mental uniram forças para alertar as pessoas quanto aos sintomas da depressão, que se não tratados podem levar ao suicídio, aumentando estes alarmantes e preocupantes números.
Um dos principais objetivos é orientar e psicoeducar as pessoas, a fim de esclarecer quais transtornos podem estar acometendo os pacientes e se não tratados, suas perigosas consequências. Em primeiro lugar estão os Transtornos Depressivos, seguido dos Transtornos de Humor, Transtornos Ansiosos e o do abuso de substâncias.
As pessoas têm ficado muito mais tempo em casa, mais solitárias e isso tende a intensificar ou desenvolver nos pacientes sintomas que podem levar a depressão. Conforme a intensidade, duração e frequência destes sintomas, se estes pacientes não forem assistidos por profissionais especializados, tendem a chegar a um quadro grave depressivo. Estes quadros, quando graves e não tratados, podem inclusive aumentar o número de casos de suicídio. Este tema é delicado, grave e preocupante.
Para nós, profissionais da psicologia e psiquiatria, hoje, uma das grandes preocupações é informar pacientes e familiares sobre o impacto deste vírus na saúde mental.
Ao ficarem mais isolados em suas casas e diante do medo do desconhecido, as pessoas podem desenvolver quadros importantes de ansiedade, irritação e tristeza. Estes sintomas podem aparecer em conjunto ou isoladamente, por isso é de extrema importância que os familiares fiquem atentos às mudanças de comportamento como, insônia ou excesso de sono, falta ou aumento do apetite, anedonia, alterações de humor entre outros.
O medo do vírus, incertezas quanto ao futuro, isolamento social e dificuldades financeiras causadas pela pandemia, podem ocasionar uma nova epidemia durante ou após o período de enfrentamento do coronavírus: a epidemia da depressão.
Pesquisas apontam que houve um aumento significativo nos atendimentos psiquiátricos e psicológicos, desde março deste ano, quando dos primeiros casos positivados de COVID-19 no Brasil. As pessoas estão ficando mais doentes não somente pelo vírus, mas pelas consequências emocionais que este tem trazido.
Precisamos cuidar de quem amamos e sozinhos, na grande maioria das vezes, não conseguimos. Por isso a equipe multidisciplinar do Assistencial CASF cuida dos seus associados, orientando familiares, atendendo e cuidando dos pacientes que neste momento, encontram-se em tratamento para depressão. É possível mudar, é possível ser feliz, e nossa missão é ajudar nossos pacientes, nossos associados.
Juliana Paim Lovato
Psicóloga Clínica no Centro Clínico CASF
Formação em Terapia Cognitivo Comportamental
Especialista em Psicologia Forense